No ano de 1935, um grupo de
alemâes vindo de Belém no navio Coronel José Júlio aportou em Santo Antônio da
Cachoeira. Era uma expedição alemã que tinha pretexto científico, segundo
afirmavam os participantes. Os expedicionários subiram o curso do rio Jari além
da cachoeira de Santo Antônio, montado a base de seu acampamento no local
conhecido cachoeira de Macaquara.
Hermann Göring, ministro da
Areonáutica de Hitler, foi quem patrocinou toda a expedição, que de científica é
difícil se provar. Faziam parte da expediçãos: Gerd Kahle, chefiando o grupo;
Joseph Greiner, responsável pela ordem interna da expedição; Otto
Schulz-Kampfhenkel, aviador, amigo de Hermann Göring. Participava também da
expedição Gerhard Krause, mecânico de avião e operador de som. A expedição foi
conduzida, na prática, no meio da floresta pelos indígenas
aparais, nativos
da bacia do rio Jari, que colaboraram alegremente carregando bandeiras nazistas
e outros apetrechos. Vale ressaltar que esses índios, naquela época eram
absolutamente ignorados pelo estado brasileiro. O fato dos índios liderarem a
expedição não deixa de ser uma contradição já que os nazista, defensores da
superioridade da raça ariana, desprezavam outras raças como judeus, negros entre
outras.
Oto, o mais graduado de todos,
tinha empregado até para atar a sua rede. Nas suas travessuras, se envolveu com
uma índia Aparaí de nome Macarrani, com quem teve uma filha chamada de Cessé,
branca de olhos azuis; o pessoal da expediação a chamava de Alemoa; ela casou-se
com um índio de sua tribo.
Além dos Aparaís, foram
contratados 30 mateiros, caboclos conhecedores da selva, desbravadores de rios,
e que tinham certa facilidade de se locomover pela floresta fechada, um meio
hostil, dominado por cobras, malária, arraias, mosquitos e animais altamente
predadores.
Certa vez, o hidroavião Água Marítima,
pilotado por Oto se despedaçou no meio de toras de madeira em pleno rio
Jari. Dias antes da vinda de Oto da Alemanha, Greiner mandou fazer diariamente
uma fogueira à margem do rio Jari para marcar o lugar onde ele deveria pousar
com seu hidroavião. Oto trouxe apenas um cachorro à bordo e na volta
levou muitas caixas com amostras de rochas entre outras coisas.
A aventura desconhecida da
maioria dos brasileiros, terminou como outros projetos nazistas, afogada em
delírios de poder como, aliás era típico da ideologia nazista.No final do ano de 1935,
Joseph Greiner que dominava bem a língua portuguesa, na época com cerca de trinta
anos de idade veio ao Jari buscar mercadorias na comunidade de Santo Antônio da
Cachoeira, tendo dormindo na noite anterior no acampamento da filial. Pela manhã
começou a comandar a passagem das mercadorias em lombo de burro, para o lugar
onde estava ancorado o seu pequeno barco. Durante esse trabalho sentiu-se mal e
teve que ser levado às pressas para a vila de Santo Antônio, pois estava
acometido de uma febre muito alta. Antes, porém de entrar em coma, pediu que
guardassem as mercadorias.
Às oito horas do dia 2 de
janeiro de 1936, faleceu Joseph Greiner. Como seu companheiros estavam muito
distante da Cachoeira não foi possível presenciarem o seu sepultamento. Ao
retornarem, seus companheiros de expedição ouviram o relato dos
acontecimentos e foram até o local onde havia sido sepultado; em seguida rumaram
para Belém. Dois meses após o falecimento de Greiner, Oto e os
outros expedicionários voltaram a Santo Antônio da Cachoeira com uma cruz de
acapú, medindo três metros de altura com letras gravadas na madeira em alemão
(JOSEPH GREINER - STARB HIER AM - 2-1-36 - DEN FIERBERTOD IN DIENSTE DEUSTSCHER
FURSCHUNGS ARBEIT DEUSTSCHE AMAZONAS JARY - EXPDITION 1935-37) e a suática
nazista.
Por quê o interesse dos nazistas nesta área remota da Amazônia?
Por quê o interesse dos nazistas nesta área remota da Amazônia?
Para responder
a este questionamento supor ser esta região, na época uma área de interesse das
potências imperialistas pode ser uma boa pista.
Assim podemos conjecturar a
título de curiosidade: Pois, após
a permanência dos comandados de Hitler na década de 1930, o mesmo local, no
mesmo rio Jari e na mesma foz do Amazonas, o Governo militar, saído do golpe de
1964, cede essa região ao milionário norte-americano Daniel Keith
Ludwig.
Anos depois, na década de 1970, foi implantando
o polêmico e famoso Projeto Jari. Ludwig foi levado à presença de Casto Branco,
nos idos de 1967, pelas mãos de Roberto Campos, e seu projeto produziu uma
imensa polêmica nacional envolvendo forças armadas, intelectuais, comunistas e
nacionalistas, mas que contribuiu para o povoamento e o progresso da região do
Vale do rio Jari que atualmente acolhe mais de cem mil brasileiros.
Acesse o endereço abaixo e vejo um trecho do longa-metragem "AmazôniaAdentro" que conta em maiores detalhes as aventuras da Expedição Nazista ao rio Jari.
Expedição subindo o rio Jari |
Índios
aparais mostram a cruz na sepultura de Grener, próxima à vila de Santo Antônio da Cachoeira |
Alemães e caboclos na expedição nazista no rio Jari |
Suástica nazista |
Reportagem da época notícia a expedição alemã |
Okoy, linda índia da etnia Aparai |
Hidroavião Águia Marinha, conduzido pelo Jari |
Kampfhenkel
(2º à esq.), gal. Daltro Filho e o governador Malcher Autoridades em Belém na partida do Águia Marinha para o Jari |
Fonte: Nazismo na Amazônia (Edilson Martins)
IN: brasilwiki.com.br
Livro: Jari: 70 anos de História de Cristóvão Lins
Livro: Jari: 70 anos de História de Cristóvão Lins
Impressionante ler a história e principalmente ver essas fotos.
ResponderExcluirEu fui no local e toquei essa cruz, onde em torno existem várias outras cruzes menores de outros membros da expedição que ali foram interrados.
Trabalhei em um projeto nessa região em 2002, quando tive oportunidade de subir o Jari de lancha e conhecer esse local histórico.