O vazamento de imagens de um cheque da Assembleia Legislativa do Amapá 
que seria entregue ao sindicato dos professores da rede estadual, em 
greve desde 20 de abril, elevou a tensão entre o Legislativo e o 
Ministério Público no Estado, que travam uma disputa há meses.
Imagens do cheque de R$ 30 mil, com data de 21 de maio, começaram a 
circular em blogs e sites de jornais locais na segunda-feira (28), seis 
dias após documentos da Assembleia terem sido apreendidos pelo 
Ministério Público em operação que investiga supostas fraudes cometidas 
por deputados.
O documento contém o carimbo de vários deputados, entre eles o do 
presidente da Assembleia, Moisés Souza (PSC), mas não está assinado.
Parte da imprensa local passou a levantar a suspeita de que o cheque 
seria usado para incentivar os grevistas a criarem dificuldades para o 
governo de Camilo Capiberibe (PSB), que tem tido uma relação tensa com a
 maioria dos deputados estaduais.
A Assembleia e o Sinsepeap (Sindicato dos Servidores Públicos em 
Educação no Amapá), que receberia o cheque, negaram nesta quarta-feira 
(30) relação do pagamento com a greve.
A Assembleia afirma que o cheque não chegou a ser compensado. O 
Legislativo e o Sinsepeap afirmam que o pagamento integra convênio entre
 a Casa e o sindicato, e que seria usado para custear passagens de um 
grupo de professores para Brasília.
De acordo com Aroldo Rabelo, presidente do Sinsepeap, o sindicato 
pretendia enviar comitiva de até 11 professores do antigo Território 
Federal do Amapá a Brasília para que eles pressionassem o Ministério do 
Planejamento a conceder compensações por perdas salariais durante o 
Plano Collor.
Segundo o presidente, a viagem era necessária porque o ministério, 
responsável por questões envolvendo antigos territórios, não tem 
representação no Amapá.
"Pedimos R$ 50 mil e eles concederam R$ 30 mil. É uma luta antiga. Até o
 governo do Estado já chegou a doar no começo do ano três passagens para
 que os professores fossem a Brasília. Foi uma maldade associarem esse 
pagamento à greve", disse Rabelo.
Após dias sem confirmar a autenticidade das imagens, a Assembleia 
Legislativa finalmente pediu que o Ministério Público investigue o 
vazamento de imagens do cheque, que havia sido levado pelos promotores 
com outros papéis.
O presidente da Assembleia, Moisés Souza, que já acusou o Ministério 
Público de "se comportar como polícia política de Capiberibe" contra o 
Legislativo, disse que quer saber como uma cópia do cheque foi parar na 
imprensa.
Segundo a Assembleia, a cópia do documento deveria estar lacrada com 
outros papéis apreendidos, obedecendo decisão da Justiça local, que na 
segunda-feira (28) suspendeu os efeitos da operação Eclésia, que 
resultou nas apreensões conduzidas pelo Ministério Público.
O Ministério Público nega que o vazamento tenha ocorrido quando o 
material apreendido estava em seu poder. Disse ainda "que o cheque é um 
documento público e a Assembleia deveria tê-lo divulgado". 
INVESTIGAÇÕES
Nos últimos meses, parte dos deputados estaduais do Amapá tem entrado em
 conflito com promotores que investigam gastos e supostas 
irregularidades na Assembleia.
A Assembleia Legislativa é alvo de investigações desde 2010, quando foi 
envolvida em escândalos de corrupção a partir da deflagração da operação
 Mãos Limpas, da Polícia Federal, em setembro daquele ano.
Na deflagração da operação Eclésia, na semana passada, os promotores 
buscavam provas para embasar inquéritos que investigam supostos esquemas
 de fraudes em andamento.
Nos últimos meses, a Assembleia também foi alvo de outras ações dos 
promotores, que acusam a Casa, entre outras coisas, de dificultar o 
acesso a informações sobre pagamentos.
A Assembleia nega irregularidades e acusa o Ministério Público de "motivação política" nas investigações.
Na semana passada, enquanto a Assembleia era vasculhada pelos policiais,
 um grupo de 17 deputados aprovou a criação de uma nova CPI, desta vez 
para investigar o Ministério Público. 
 Fonte: www1.folha.uol.com.br
 
 
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