A quarta reunião de consulta pública do Padrão Slimf para Pequenos
Produtores de Florestas Plantadas ocorreu em 10 de maio, no Clube
Jariloca, em Monte Dourado, distrito de Almerim, no Pará, à beira do rio
Jari. Na outra margem do rio, já é o estado do Amapá e a cidade de
Laranjal do Jarí.
O encontro se estendeu pelo dia todo a fim dos 35 participantes (22
fomentados) contribuirem com a melhoria dos indicadores do padrão de
certificação do Conselho de Manejo Florestal - FSC. “A certificação
florestal gera expectativas e dúvidas, e muitas estão ligadas aos
benefícios e aos custos diretos e indiretos”, resumiu um dos produtores.
É na região amazônica, entre os Estados do Amapá e do Pará, que está
localizada a Fundação Orsa, do Grupo Orsa, o qual fomenta pequenos
produtores de Eucalipto. Os fomentados são fonte de madeira certificada
para a Jari Celulose Papel e Embalagens, uma das empresas do Grupo.
Em2000, o Grupo Orsa passou a controlar o polo industrial do Jari. Em
2004, a Orsa Florestal recebeu a certificação do FSC de 545.000
hectares, sendo a maior área de manejo florestal certificado pelo selo.
Economia florestal na Amazônia
O apoio da Fundação Orsa às comunidades do Pará e do Amapá trouxe à
reunião de consulta pública questionamentos oriundos das localidades de
Pimentel, Estrada Nova, São Benedito, Parreiras, Monte Sião, Matadouro,
Vila do Braço, além de Laranjal do Jari e de Almerim. Maria do Socorro,
possui 48 hectares de terra e planta desde os 11 anos de idade. Com a
mudança para o plantio de Eucalipto, ela hoje consegue dar uma qualidade
de vida aos filhos que ela mesma não teve.
Sendo referência de atuação em sustentabilidade, a Fundação Orsa
propicia a produtores de uma das mais distantes regiões do Brasil ganhar
um novo futuro. “A atuação da Fundação Orsa é decisiva no
desenvolvimento do manejo sustentável das plantações, e floresta bem
planejada gera renda, permitindo que o produtor mantenha suas atividades
de agricultura familiar”, salienta Maximiliano Roncoletta, analista de
conservação florestal do WWF-Brasil, ONG dedicada à conservação das
áreas verdes e apoiadora internacionalmente do selo FSC. “Incentivar a
produção de madeira para a fabricação de celulose
por plantações de árvores certificadas que crescem rápido, como o
Eucalipto, é vislumbrar o caminho para o verdadeiro desenvolvimento
sustentável,” alerta Roncoletta.
Plantar árvores é uma prática de Norte a Sul do Brasil, mas a
legislação frente aos interesses econômicos vigentes na região pode ser
sentida não somente pelos debates. Há controvérsias com relação à
conversão de áreas em locais que foram desmatados de forma legal depois
de 1994. O padrão de certificação do FSC para o manejo florestal em
pequena escala e de baixa intensidade diz que as áreas de manejo
florestal devem ser protegidas de extração ilegal e plantações
estabelecidas em áreas convertidas de florestas naturais depois de
novembro de 1994, normalmente, não deverão ser qualificadas
para a certificação. E se o desmatamento foi legal, depois de 1994, é
possível certificar a área?
Outro ponto a ser clareado é a definição de unidade de manejo na
região amazônica após serem descontadas as áreas de preservação
permanente e de reserva legal. Quanto às florestas de alto valor de
conservação, um corredor ecológico, formado por áreas de preservação
permanente, pode ser considerado uma floresta de alto valor de
conservação?
O fogo controlado é um dos mais antigos instrumentos utilizados pela
espécie humana para o manejo e ocupação da terra. É uma alternativa
legal, barata, mas causa danos à qualidade do solo. Quais são as
orientações em relação ao uso do fogo no padrão de certificação FSC?
Orientações em relação às leis trabalhistas no cenário rural e
situações de falência da empresa fomentadora despertaram interesse
durante a reunião. Com contrato de fomentado o produtor está amparado,
mas se a empresa quebrar o que acontece com o fomentado?
Nenhum dos presentes, porém, negou que o manejo florestal sustentável
é a opção mais adequada na Amazônia para produzir madeira, mantendo a
floresta em pé.
Curauá no meio da floresta plantada
Antes da Orsa Florestal o desmatamento ilegal para vender madeira às
serrarias e carvão vegetal às siderúrgicas era comum na região. Com a
complexa operação de manejo florestal certificado, que compreende um
ciclo de 30 anos, parte do programa de fomento da Fundação Orsa
incentiva e dá treinamento ao cultivo consorciado do Curauá. A solução
vem mudando a realidade de diversas famílias do Vale do Jari. Pequenos
agricultores passaram a ter fonte alternativa de renda, recebendo
orientações desde a seleção das mudas até a comercialização da fibra do
Curauá, que é extremamente resistente (quatro vezes superior à fibra do
Sisal), além de ser dez vezes mais barata que a fibra de vidro.Além de
biodegradável e leve, é utilizada em revestimentos internos de
automóveis entre outras aplicações industriais.
Em uma área manejada com selo FSC, cada árvore tem um código para ser
possível rastrear a origem do produto e atestar que deriva de
procedimentos sustentáveis. Mas não basta cuidar dos impactos na
vegetação se não se é exigente quanto à segurança dos trabalhadores. A
operação de manejo no Jari leva em conta equipamentos de proteção
individual (EpI).“Tivemos treinamento sobre procedimentos de segurança”,
concordam os pequenos produtores durante o encontro.
Fonte: www.florestascertificadas.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário