Carta aberta ao povo de Deus da Diocese de Macapá e a todas as pessoas de boa vontade do Estado do Amapá e do Pará
Reunidos com o nosso Bispo Dom Pedro e nossos párocos, no vigésimo 
oitavo encontro diocesano das Comunidades Eclesiais de Base, em 
25/11/12, nós cristãos e cristãs, chamados a ser testemunhas do Cristo 
Rei da paz e da verdade, queremos levar ao conhecimento de todos e de 
todas os clamores de sofrimento que saem da vida de nossas comunidades.
Milhares de famílias dos municípios de Vitória do Jarí, de Laranjal 
do Jarí e de Almeirim estão sofrendo pela próxima perda de seus empregos
 por causa da empresa Jarí Celulose que pretende suspender, por longo 
tempo, as atividades da fábrica de celulose. Circula, inclusive, a 
informação da venda da empresa para a International Paper que, em caso 
afirmativo, deveria ser chamada para dizer quais as suas intenções. Esta
 violência vai provocar efeitos negativos em quase todas as comunidades 
do lugar, atingindo também os milhares de empregos indiretos que estão 
ligados a este empreendimento. Grande é, também, a preocupação com as 
conseqüências sociais e ambientais da construção da barragem Santo 
Antônio.
As comunidades das Ilhas de Afuá e de Gurupá, assistidas pela nossa 
diocese, estão clamando pela violência que vem se alastrando na região, 
sem que o Estado faça o mínimo necessário para detê-la. São 
desmatamentos ilegais em projetos de assentamento, assassinatos, 
assaltos, tráfico de drogas e de pessoas, exploração sexual de menores 
que vêm se multiplicando nestas terras que parecem ser terras de 
ninguém. Criminosos e foragidos do Amapá se escondem com facilidade 
nesta região, provocando mais insegurança e muita dor. O Amapá não tem 
jurisdição, o Pará está longe demais e neste vácuo de poder, a 
criminalidade cresce.
Em seis município do Amapá, dezenas de famílias de posseiros estão 
sendo despejadas de suas terras por ações judiciais promovidas pela 
AMCEL, depois que a mesma passou a ser de propriedade das empresas 
japonesas Marubeni Corporation e Nippon Paper que desrespeitaram os 
acordos firmados com as comunidades pelas administrações anteriores e se
 valendo, em vários casos, de matrículas irregulares, quando não 
claramente ilegais. Muitas famílias estavam nas terras, antes delas 
serem da AMCEL.
As comunidades dos municípios de Pedra Branca do Amapari e de Serra 
do Navio estão sentindo a dor provocada pelas atividades e os interesses
 das mineradoras que, além das agressões ao meio ambiente, estão 
atrasando os repasses das compensações estabelecidas, deixando as 
comunidades desprotegidas, vítimas do aumento descontrolado da população
 e de todos os seus efeitos negativos na saúde, na educação e na 
segurança pública.
A mesma situação vive a população dos municípios de Ferreira Gomes e 
de Porto Grande, cujas comunidades já encaminharam aos órgãos públicos 
um abaixo assinado manifestando sua preocupação por causa da construção 
das várias barragens previstas no Rio Araguari. As comunidades do Baixo 
Araguari estão sofrendo por causa de uma descontrolada criação de 
búfalos que está provocando o assoreamento do rio e a salinização de 
vastas áreas.
As comunidades de Oiapoque sofrem os efeitos negativos provocados 
pelo tráfico internacional de pessoas, de drogas e de armas. A violência
 e a insegurança reinam na cidade e nas comunidades próximas.
As comunidades das cidades de Macapá e de Santana clamam por causa do
 crescente desemprego, pela precariedade na saúde e pelo abandono de 
grandes áreas das periferias e das baixadas, onde as famílias vivem na 
insegurança e no medo que prejudica a vida das pessoas e até as 
atividades religiosas das comunidades.
Em nome de Cristo, único e verdadeiro Rei da paz e da justiça, nós 
Comunidades Eclesiais de Base da Diocese de Macapá, afirmamos nossa 
solidariedade fraterna às vítimas desta violência e nos comprometemos a 
denunciar e a lutar com coragem e firmeza, contra todas as formas de 
injustiça, sobretudo, contra a inoperância, a omissão e, em alguns 
casos, até a conivência dos poderes públicos. Que o exemplo do profeta 
Elias, que meditamos neste encontro, nos inspire e fortaleça.
Que o Espírito Santo difunda sobre nós os seus dons para que possamos dar conta deste compromisso.
Os participantes do 28º encontro diocesano das Comunidades Eclesiais de Base.
Fonte: chicoterra.com 
 
 
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