Extrativistas produzem biscoitos e derivados da castanha-do-Brasil. Foto: Divulgação |
Até o final deste ano, o Programa de
Aquisição de Alimentos (PAA) repassará R$ 259.840 a Associação de
Mulheres do Alto Cajari (Amac), no município de Laranjal do Jari, no
Amapá. O dinheiro está contribuindo para mudar a realidade de muitas
mulheres da região, com geração de emprego e renda.
Mãe de seis filhos, Andrelina Almeida Barros, 52 anos, viu sua vida
se transformar depois de entrar para a associação. Junto com outras
extrativistas, ela passou a produzir biscoitos e derivados de
castanha-do-Brasil, deixando para trás uma pesada rotina de trabalho na
roça. Grande parte da produção é comprada pelo PAA, coordenado pelo
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
Andrelina faz parte do grupo de 108 mulheres de 13 comunidades da
região da Reserva Extrativista (Resex) do Alto Cajari que são associadas
à Amac. Do total de trabalhadoras, 58 ficam na cozinha, onde se revezam
em três grupos durante a semana para descascar cerca de seis quilos de
castanha por dia para fabricar mais de 1,2 mil pacotes de biscoitos e
paçoca doce. Elas também produzem um petisco de banana salgada e frita.
A produção é distribuída em 11 escolas e entidades de Laranjal do
Jari e Macapá. Entre as instituições beneficiadas nos dois municípios,
estão a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e o Serviço
Social do Comércio (Sesc).
Preservação em família
As castanhas são recolhidas nas áreas das famílias das associadas. Em
geral, os maridos ficam incumbidos da coleta, que vai de dezembro a
maio. A farinha usada para fazer os biscoitos é comprada pelas mulheres.
O combinado é cada uma levar 15 quilos duas vezes por ano para a
associação.
A banana também é colhida nos quintais das associadas. Cada mulher
leva, em média, dois cachos por ano para a Amac. Em 2012, porém, elas
tiveram que comprar em Macapá, a 280 quilômetros de Laranjal do Jari,
porque a quantidade não foi suficiente para o volume da produção.
Além do PAA, um dos grandes incentivadores do trabalho da Amac é o
Programa Bolsa Verde. Andrelina e parte das associadas recebem R$ 300 a
cada trimestre com o benefício. Em troca, elas desenvolvem atividades de
conservação ambiental, com a manutenção da cobertura vegetal e o uso
sustentável dos recursos naturais.
Só na Resex do Alto Cajari, que engloba, além de Laranjal do Jari, os
municípios de Mazagão e Vitória do Jari, cerca de 200 extrativistas têm
o benefício do Bolsa Verde. Em todo o país, há aproximadamente 30 mil
beneficiários.
Esforços
Apesar de existir desde 2004, a Amac ganhou força a partir de 2009,
segundo a presidente da associação, Elziane Ribeiro de Souza. Cada
associada contribui com R$ 2 mensais. Às vezes, o dinheiro não é
suficiente para cobrir as despesas da entidade. Então, cada uma colabora
um pouco mais para comprar o que falta. Parte da renda obtida com a
produção é revertida à manutenção da pequena fábrica e à compra de
materiais.
Além da produção, organizaram uma feira permanente em Laranjal do
Jari. Lá, vendem bolos, tapiocas, batata, banana, laranja e diversos
produtos derivados de castanha. Elas também planejam começar a vender os
produtos em Macapá.
Fonte: www.portalamazonia.com.br
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