O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autorizou o início das obras da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio do Jari, no Rio Jari, divisa entre o Pará e o Amapá. A licença de instalação, assinada hoje (3) pelo presidente do Ibama, Curt Trennepohl, lista 13 condicionantes que o consórcio ECE Participações terá que cumprir para reduzir os impactos sociais e ambientais da obra.
A usina terá potência instalada de 373,4 megawatts (MW), bem menor que a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, que também recebeu licença de instalação essa semana e poderá gerar 11,2 mil MW. A energia produzida em Santo Antônio do Jari deverá beneficiar principalmente indústrias de celulose instaladas na região. A Jari Energética, empresa do grupo Orsa, proprietária do projeto Jari Celulose, é uma das acionistas do consórcio responsável pela obra.
Trecho Rio Jari, rio que separa o Pará do Amapá |
Segundo o Ibama, como parte da hidrelétrica será construída em uma área que abriga plantações de eucalipto, a instalação do canteiro de obras não vai provocar nenhum novo desmatamento de floresta nativa e não haverá desapropriação de ribeirinhos.
O Estudo de Impacto Ambiental da hidrelétrica prevê o alagamento de 31,7 quilômetros quadrados para formação do lago da usina, área relativamente pequena. Entre as condicionantes da licença de instalação, está a manutenção de uma vazão mínima de água no rio “para preservar a biota e a beleza cênica da Cachoeira Santo Antônio para seu uso turístico e paisagístico durante todo o ano”.
fonte noticias.uol.com.br
HISTÓRICO DA HIDRELÉTRICA DE SANTO ANTÔNIO DO JARI
O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, (IBAMA) já publicou no Diário Oficial a aprovação dos estudos ambientais da hidrelétrica Santo Antônio no rio Jarí. O prazo de 45 dias para os pedidos de audiências públicas começou a contar.
Não foi possível encontrar o EIA/RIMA no site do Ibama. Ele está disponível em papel, apenas, nas sedes do Ibama do Pará e Amapá.
A matéria completa sobre a hidrelétrica Santo Antônio do Jari foi publicada neste Blog, em julho de 2008. Esse é um projeto polêmico da lavra do Senador José Sarney, eleito pelo Amapá, que anunciou hoje o total apoio do PMDB para eleger Dilma Rousseff presidente. Sarney padrinho e mentor do Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, domina o setor de energia no Brasil e Dilma, se for eleita com sua ajuda, vai manter esse status quo.
Rio Jari: hidrelétrica para produzir celulose no coração da Amazônia
José Júlio, desbravador do Jari |
O município de Laranjal do Jari (Amapá) tem aproximadamente 37 mil habitantes às margens do rio e que vivem em palafitas de até dois andares. Laranjal do Jari já foi a campeã em prostituição infantil. A hidrelétrica no rio Jari acabaria com a exuberante Cachoeira de Santo Antônio e só beneficiaria a empresa Jari Celulose e sua indústria poluente de papel.
Famílias extrativistas da Reserva do Cajari insistem que é possível um desenvolvimento sustentado utilizando a floresta de maneira equilibrada e sem necessidade de se construir uma hidrelétrica no rio Jari.
A Jari Celulose ocupa 1.734.606 hectares distribuídos em terras nos Estados do Pará (55%) e do Amapá (45%), cortadas pelo rio Jari, que faz a divisa entre os dois estados. Na região do Jari vivem hoje cerca de 100.000 habitantes, distribuídos pelas cidades de Monte Dourado
Laranjal do Jari |
Segundo as informações disponíveis no site da Jari Celulose, do Grupo Orsa, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), já aprovaram a hidrelétrica. O projeto prevê uma usina a fio d’água e, curiosamente, “sem alagamento da área”. Qual é o milagre? Ainda, segundo a empresa, “não trará danos ao meio ambiente, nem irá alterar a estrutura atual da Cachoeira de Santo Antônio” e “seu funcionamento irá evitar futuras pressões sobre a floresta nativa”.
O engenheiro Marcos Drago, da Eletronorte, em entrevista ao Diário do Amapá, em 26 de Março de 2008, alerta que a geração prevista para a Hidrelétrica Santo Antônio do Jarí não poderia ser mantida o ano todo, pois no período da estiagem não haveria vazão suficiente para funcionar as turbinas e seria preciso acionar a termelétrica ou mesmo buscar energia da usina de Tucuruí. Mesmo assim, a Eletronorte aceitou ser parceira da Jari Celulose nesse empreendimento.
O projeto da Hidrelétrica Santo Antônio do Jari prevê potência instalada de 100 MW e a localização nos municípios de Almeirim e Mazagão para aproveitar o local das quedas d'água da Cachoeira de Santo Antônio, um dos 15 sítios da região tombados pelo patrimônio histórico.
O Senador José Sarney anunciou, em Dezembro de 2007, em Macapá, Amapá, que o Governo Federal tinha autorizado (?) A concessão para construção da Hidrelétrica Santo Antônio do Jari, no rio Jari. O senador eleito pelo Amapá já havia comunicado, em Junho do mesmo ano, que “nenhum entrave mais existe para a consolidação do consórcio que irá construir no rio Jari a hidrelétrica de Santo Antônio, uma usina prevista para gerar algo em torno de 100 megawatts de energia elétrica, mas que novos estudos projetam algo bem perto dos 200 megawatts”.
O “rio” de dinheiro público
Daniel Keith Ludwig |
A Jari Celulose nasceu da frustrada tentativa do excêntrico empresário e bilionário americano Daniel Keith Ludwig que, na década de 70, queria substituir a mata nativa por florestas de eucaliptos e alimentar o mercado mundial de celulose com a produção no Jari e a destruição da Amazônia. Enfiou US$ 1,3 bilhão em 16 mil quilômetros da mata. Destruindo-a.
Mais de US$ 200 milhões de dinheiro público dos contribuintes brasileiros foram enfiados para cobrir as dívidas deixadas por Ludwig e o Banco do Brasil acabou comprando mais US$ 180 milhões em ações preferenciais.
O ataque silencioso contra o rio Jari
Como disse o Senador José Sarney, nada poderia atrapalhar a construção da Hidrelétrica Santo Antônio do Jari, sobre a tombada Cachoeira de Santo Antônio. Então, em 21 de Julho, agora, de 2008, o Ibama emitiu o documento de vistoria técnica na região do Jari onde pretendem fazer a hidrelétrica. No dia 27 de Julho saiu o Termo de Referência com a “liturgia” para a elaboração do EIA/RIMA que confirma o processo de licenciamento e a aprovação dos estudos de viabilidade pela Annel. E, a sopesar as últimas notícias, o licenciamento deverá transcorrer célere enquanto os ambientalistas tentam evitar o desastre
Cachoeira de Santo Antônio do Jari |
O reservatório do projeto da Hidrelétrica Santo Antônio do Jari vai afetar diretamente os municípios de Laranjal do Jari (Amapá) e Almerim (Pará). A área foi classificada pelos técnicos que realizaram a vistoria, como de excepcional beleza cênica, fonte de abastecimento de água potável da região e área de preservação permanente. Não há menção das terras indígenas na bacia do rio Jaru.
Mais uma das mais belas cachoeiras do Brasil, a Cachoeira Santo Antônio do rio Jari, está ameaçada. A luta continua.
Fonte - Telma Delgado Monteiro em - www.amazonia.org.br
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