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sábado, 27 de agosto de 2011

PERSONAGENS DA HISTÓRIA DO JARI: SALUSTIANO ALVES DOS SANTOS (SEU SALÚ)

SEU SALÚ: O PRIMEIRO MORADOR DE LARANJAL DO JARI

Seu Salú, o 1º morador de Laranjal do Jari

No dia 20 de janeiro de 1954 chegou na região do Jari Salustiano Alves dos Santos, o Seu Salú, como se tornou conhecido. Natural da Serra Grande, cidade de Tianguá, estado do Ceará Seu Salú, antes de chegar no Vale do Jari, morou em São José, no município maranhense de São Bernardo. Seu deslocamento de Belém até Santo Antônio do Jari se deu por meio de um navio do navio Loyde Brasileiro que tinha a alcunha de Cuiabá e da lancha de nome "Cajarí". Chegou na filial de Santo Antônio do Jari, na época pertencente aos portugueses com 33 anos de idade.  Por lá, permaneceu um curto período, pois não suportou o asséddio da grande quantidade de insetos, principalmente um tal de "pium". Pediu demissão da empresa Jari e foi morar na cidade de Macapá. Não gostou porque segundo ele, a cidade era um  tanto pacata e, como estava "endinheirado", resolveu rumar para Manaus, onde montou uma oficina de ourives, sua profissão quando ainda morava no Ceará. Mas, adoeceu de malária e viu-se obrigado a sair da capital do Amazonas. Embarcou no navio "Sobralense" e veio novamente para a região do Jari, pois dizia que alguma coisa o atraía pra cá. Casou-se em 1957 com Dona Maria Benedita Toscano dos Santos e com ela teve cinco filhos. Foi morar, desta vez na comunidade Padaria e passou a trabalhar com regatão pelas margens dos rios Jari e Amazonas da Cachoeira até Macapá. Neste mesmo ano foi nomeado Comissário de Polícia na comunidade Padaria, função na qual trabalhou por 10 anos. Levava os presos de voadeira para Jarilândia, matriz do Projeto na fase dos portugueses. Na função de comissário de Polícia  dizia ter tido bastante trabalho e dor de cabeça, pois para a região se deslocavam aventureiros de várias partes do país com um único objetivo: enriquecer facilmente. A bebida corria solta, o que quase sempre gerava muitas confusões. Passados dez anos, demitiu-se e foi trabalhar como carpinteiro numa empresa chamada de Conterpa. Em 1967, os portugueses venderam a empresa Jari para o norteamericano Daniel Keith Ludwig. Em outubro de 1968, seu Salú deslocou-se da comunidade Padaria para área onde hoje está localizada a cidade de Laranjal do Jari. O local onde se instalou primeiramente, foi nas proximidades de onde ficava o Supermercado Belim I, no bairro das Malvinas, considerado o marco zero da cidade. Algum tempo depois, a empresa Conterpa foi embora da região e Seu Salú se empregou na Jari de Ludwig como mestre-de-obra. Na época em que a região do Jari estava sobre o controle do coronel José Júlio e dos portugueses o lugar que atualmente corresponde a parte baixa da cidade de Laranjal do Jari, por ser uma área inundada e ficar coberta de capim servia como campo para engordar os burros magros usados no transporte da castanha e balata no meio da mata. Nas circunvizinhanças onde Seu Salú ergueu a sua casa existia um sítio de um cidadão chamado militão, onde tinha um pequeno laranjal devido ao qual, posteriormente os maradores reunidos iriam dar o nome de Laranjal do Jari à cidade que era conhecida como Beiradão.
  Sobre quando se instalou no Beiradão seu Salú afirma que:
 "Tinha só uma casinha de burros do seu Militão. Dias depois o comissário Benjamim de Jarilândia trouxe do outro lado o Sr Benedito Gama, para fazer uma casa deste lado porque ele não tinha onde morar. Ainda hoje (reportagem do ano 2002) ele tem um comércio no mesmo local. E a história registra Benedito Gama como primeiro morador da cidade, quando na realidade eu, Salustiano Alves dos Santos, fui o primeiro morador de Laranjal do Jarí. Em 1969 houve uma invasão geral e Jarí revoltou-se e mandou derrubar todas as casas, mas me respeitaram. Mas em 1970, diante de nova invasão a Jarí queimou todas, até a minha. Nos remanejaram para o outro lado na vila "Pau Roliço", mas ninguém foi. Fiz nova casa e novamente derrubaram. Me zanguei. Deixei Benedita aqui e fui à Macapá com o coronel Gentil, Secretário de Segurança, e relatei a história. Ele veio pessoalmente na minha casa, pediu uma mesa, sentou-se e liberou o lugar", relata Salú.

Laranjal do Jari, hoje com mais de 50 mil habitantes,
 o 3º município mais populoso do Amapá
 O tempo passou, a cidade cresceu e seu Salú mudou a sua residência para o bairro do Agreste (o nome desse bairro é uma referência ao agreste baiano que serviu de cenário para a novela global Tieta do Agreste, quando começaram a ser construídas as primeiras casas do lugar), Rua Bom Pastor. Seu Salú faleceu no dia 2 de janeiro de 2007 às 2 Hs e 12 min, após 53 anos de contribuição para a construção e o progresso de Laranjal do Jari, do primeiro morador para uma cidade com cerca de 40 mil habitantes. Sua esposa Dona Benedita Toscano dos Santos e um de seus ainda moram na mesma rua; ela com toda experiência, lucidez e conhecimento tem muitas histórias para contar sobre a evolução histórica de Laranjal do Jari.

Fonte: casteloroger.blogspot.com






Um comentário:

  1. Parabéns pelo resgate de tanto conteúdo de valor, nesses brasileiros reais.

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