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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Laranjal do Jarí: Entre a beleza da cachoeira de Santo Antônio e o descaso no Rio Jari

 


por Babi Cantuária


História
De acordo com o historiador Edgar Rodrigues, a região do Vale do Jarí, que é formada por Laranjal do Jarí e Vitória do Jarí, foi povoada por nordestinos que vieram trabalhar na extração da borracha, entre eles, se destacou o coronel cearense José Júlio de Andrade, que foi o maior latifundiário do mundo, adquirindo cerca de 3,5 milhões de hectares de terra. Em 1948, ele foi combatido pela Revolta Tenentista e obrigado a vender sua empresa para um grupo de empresários portugueses. Posteriormente a companhia foi comercializada para o milionário norte americano Daniel Ludwig.

Chegada do projeto Jarí Floresta,
do milionário norte americano Daniel Ludwig
Em 1967, Daniel Ludwig implantou o projeto Jarí Florestal, que tinha como objetivo substituir a floresta nativa por uma plantação homogênea de uma planta denominada gmelina arbórea, para a fabricação de celulose, e também pretendia se tornar o maior produtor do mundo de carne bovina, suína e arroz. Como se tratava de um projeto de grande porte, a empresa necessitava de bastante mão de obra, por isso, na década de 60, muitos trabalhadores migraram para a local com o propósito de conseguir melhores condições de vida. Muitos desses empregados foram contados de forma temporária e indireta e quando foram demitidos, não tinham os valores necessários para voltar aos seus Estados. Dessa forma, a maioria deles foi obrigada a viver às margens do Rio Jari, sob palafitas.

O município de Laranjal do Jarí foi criado em 17 de dezembro de 1987, pela Lei Estadual n.º 7.639, sendo desmembrado do município de Mazagão. 

Economia
Como nas edições anteriores, as observações do geógrafo e supervisor de disseminação de informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Joel Lima, servirão de subsídios para analisar a economia de Laranjal do Jarí.
A castanha-do-brasil é exportada
para a fabricação de óleo comestível na França

Setor Primário: destaca-se pela criação de gado (bovino e bubalino) e pelo cultivo de arroz, abacaxi, banana, cupuaçu, feijão, laranja, milho, melancia e mandioca.

Setor Secundário: extração e fabricação de palmitos de açaí e extração da castanha-do-brasil, que é exportada para a fabricação de óleo comestível na França. Algumas fábricas de tijolos atendem o alto consumo do município e exportam para o Estado do Pará. Também possui movelarias.

Setor Terciário: o comercio, que foi fator importante para o desenvolvimento do município. Tem boates e alguns hotéis.

Características Urbanas
Segundo o arquiteto José Alberto Tostes, o município de Laranjal do Jarí é formado essencialmente por ribeirinhos, que são pessoas extremamente pobres que moram na beira do rio, e está localizado na região de vale arenoso. Tostes ainda ressalta que o município apresenta sérios problemas sócio-ambientais, como infraestrutura precária, saneamento básico inexistente, baixas condições de habitabilidade, alta densidade de resíduos sólidos sem a coleta adequada, esgoto a céu aberto e falta mobilidade urbana, devido as casas serem construídas em cima de palafitas.

A maioria dos moradores vive sob palafitas, às margens do Rio Jari
Consta num artigo realizado por Tostes e Eliana do Socorro de Brito, que desde 1970, a ampliação populacional de Laranjal do Jarí é decorrente, em grande parte, do intenso fluxo migratório, que ocorre às margens do Rio Jari, fazendo com que Vila do Beiradão seja a maior favela fluvial do mundo. Porém o engenheiro agrônomo e dirigente da empresa Ecotumucumaque, Cristovão Lins, ressalta que embora o crescimento do "Beiradão" esteja de uma forma desordenada, começam a aparecer moradias na terra firme, isso significa que a falta de gerenciamento não permite que os problemas da cidade sejam melhores observados, e consequentemente, não se pode projetar possíveis soluções para um controle maior do espaço apresentado.

Para o próximo gestor, é necessário que seja instalado o Plano Diretor, que deve ser executado de forma organizada, participativa e integrada com a população, para que a soma dos esforços resulte em melhor aproveitamento dos recursos disponíveis. Sendo assim o município irá crescer a partir de um planejamento urbano, em que estejam viabilizadas as importantes condições de organização sócio-espacial direcionando a expansão da cidade de forma a reduzir o seu perfil excludente e coibir as práticas imediatistas.

Cachoeira de Santo Antônio
"Existe na cidade de Laranjal do Jari uma lacuna que separa casualidade e planejamento. A casualidade visa à prática momentânea sem que haja preocupação com o futuro, chamada de miopia temporal, que pensa no agora com prejuízo do amanhã. Essa prática executada no município se reflete em problemas estruturais graves, que não só estão na estrutura urbana, mas nas condições das relações sociais dos atores locais quando pensam nos seus benefícios particulares (gestores, políticos e sociedade) em detrimento do coletivo", complementam Tostes e Eliana.

Na visão de Edgar Rodrigues, entre as diversidades do ecossistema local, destaca-se "a excepcional beleza de seus recursos cênicos naturais como a cachoeira de Santo Antônio, com suas inúmeras quedas cercadas de florestas; o Rio Jari com suas praias fluviais que se traduzem em frequentados balneários; os castanhais e a fauna exótica da Amazônia". Dessa forma, o próximo gestor deve investir no ecoturismo, considerando que muitos turistas se deslumbram pelas belezas naturais de Laranjal do Jarí.
 
Fonte: tribunaamapaense.blogspot.com.br

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