A carreira do senador Randolfe
Rodrigues (PSOL-AP) como "mosqueteiro da ética", num lugar que já foi do
ex-senador Demóstenes Torres, pode estar chegando ao fim. Neste papel,
que constuma gerar alguns segundos de fama, Randolfe alimentava até a
esperança de disputar a presidência da República, em 2014. Mas antes ele
terá de explicar um mensalão, muito bem documentado.
Antes de ser senador, eleito em
2010 pelo Amapá, Randolfe foi deputado estadual em Macapá, ajudando a
dar sustentação ao governo de João Capiberibe (PSB-AP), que também se
elegeu para o Senado na última eleição. Ambos foram recentemente
denunciados à Comissão de Ética do Senado Federal pelo ex-presidente da
Assembleia Legislativa do Estado do Amapá, Fran Soares Nascimento
Junior, numa peça gravíssima. Fran acusa Capiberibe de ter pago, durante
seis meses, um mensalão de R$ 20 mil/mês a vários parlamentares, para
garantir a sustentação de seu governo. Diz que ele próprio recebeu os
recursos e afirma que Randolfe Rodrigues também colocou no bolso o
dinheiro ilegal. Mais: Fran diz ainda que Randolfe chegou até a assinar
recibos, que ele apresenta na denúncia.
Tais recursos faziam muita
diferença para os parlamentares estaduais, uma vez que o salário de um
deputado no Amapá, naquele momento, era de R$ 5.274,87. Randolfe elevou
em R$ 20 mil seus rendimentos, de forma ilegal, nos meses de julho a
dezembro de 1999. Na denúncia, Fran apresenta também gravações, em que o
ex-governador Capiberibe fala claramente que "vinte mil fica com o
deputado". Graças a este mensalão, Capiberibe conseguiu cooptar a
Assembleia, que lhe fazia oposição e aprovou suas contas. Naquele ano, o
relator que garantiu essa aprovação foi justamente Randolfe Rodrigues.
A denúncia, enviada pelo deputado
Fran ao conselho de ética do Senado Federal, foi apenas encaminhada pela
casa ao lugar de direito, que é a Procuradoria-Geral da República, de
Roberto Gurgel. No entanto, ao noticiar, nesta manhã, o caso, a Folha de
S. Paulo protege Randolfe e acusa o presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), de enviar à PGR uma denúncia contra seus desafetos.
Quem tem que se explicar, agora,
são os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e João Capiberibe
(PSB-AP). Ambos são apontados na denúncia do deputado Fran Nascimento
como integrantes de uma quadrilha que sonegou impostos, cometeu os
crimes de corrupção ativa e passiva, prevaricação, peculato, quebra de
decoro parlamentar e, claro, formação de quadrilha.
Ao contrário da denúncia
encaminhada por Gurgel na Ação Penal 470, o mensalão do Amapá é
extremamente bem documentado. No comprovante de pagamento, Randolfe
Rodrigues atesta que recebeu da Assembléia o valor complementar ao seu
salário, que não tinha nenhuma previsão legal. Ou seja: é um caso de
cooptação de parlamentares, com recibo.
Fonte: portogente
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