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quinta-feira, 21 de março de 2013

Como o maior evento de futebol do planeta conseguiu conquistar a antipatia da população brasileira?


   Por: Luiz Alberto Moura
Ás vésperas de sediarmos dois grandes eventos (a Copa das Confederações e Copa do Mundo) a cena que sintetiza nossa falta de preparo é a de funcionários do Maracanã removendo água que ficou empoçada na cobertura do estádio depois da tempestade de terça-feira da semana passada. Isso sem qualquer artefato de segurança. Se uma imagem vale mais por mil palavras essa poderia ser traduzida como: despreparo, falta de organização, orçamentos inchados, não cumprimento dos planejamentos.
Ao contrário do que vem sendo veiculado por propagandas nos meios de comunicação - numa tentativa clara de lavagem cerebral - essa Copa do Mundo não é do povo. É uma copa que se tornou antipática à população, sem apelo e dizendo aos brasileiros que "tudo é válido pem nome do evento".
Afinal, como explicar para amigos estrangeiros que pessoas com que eu converso torcem para um fracasso da seleção de Luis Felipe Scolari e CBF, pois uma conquista faria todos os problemas citados diariamente serem colocados pra debaixo do tapete?
Como explicar que o campeão mundial tem um estádio que será pago com dinheiro público e leva do nome do clube?
Como explicar para eles que famílias sendo retiradas dos locais onde viveram a vida inteira por indenizações risíveis e sendo obrigadas a se mudar para bairros distantes (aliás, vale muito assistir ao especial produzido pela ESPN Brasil sobre o que está acontecendo em Porto Alegre, no entorno do Beira Rio)?
Como explicar também que Belém do Pará, que tem um dos clássicos mais populosos do país, que faz a cidade parar, está fora da Copa e Manaus, que tem UM clube na Série D e nada além disso, possui um estádio de R$ 600 milhões para 47.750 espectadores? Isso sem falar no Mané Garrincha, em Brasília, e na Arena Pernambuco, em Recife, cidade com três estádios.

Como explicar para meus amigos estrangeiros que o único "legado" será estes estádios, muitos deles elefantes brancos, e que estas cidades que os abrigam continuarão com os mesmos problemas sem as soluções prometidas e que constam no caderno de encargos. Ora, a erradicação de certos males nesses centros não era a desculpa para engajar a sociedade de que uma Copa ou as Olimpíadas são boas para quem as sedia?
Como convidar esse amigo estrangeiro a assistir à Copa no Brasil e garantir que tudo vai transcorrer sem problemas e que somos um país seguro para se visitar? Eu não o farei.
Não entro no mérito de que a saúde vai mal, a segurança ou as demais mazelas, pois a culpa é de quem é responsável por isso. Mas é inegável que há uma transferência de valores e o contraste de um estádio que custa bilhões como o Maracanã e de hospitais e escolas públicos revolta o cidadão comum. Aquele que paga para ver um jogo.
Fora isso, os desmandos e o senso de oportunismo de alguns grupos da sociedade querendo holofotes em cima de causas absurdas, vide a do Museu do Índio.
Estive na Alemanha em 2006, a poucos meses da Copa. Era uma festa, cidades enfeitadas, povo falando nisso e uma grande esperança que a seleção local fizesse uma boa campanha. O que acabou acontecendo. Aqui, como dito, muita gente torce para um vexame. O povo parece - ou será otimismo meu - que se cansou do pão e circo.
Aliás, o que esperar também de uma CBF que traduz tudo de retrógrado na sociedade brasileira?
A Pátria, se um dia usou chuteiras, hoje ela já as pendurou. 

Fonte: goal.com

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