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quinta-feira, 21 de junho de 2012

LIVRO RETRATA A AMAZÔNIA

Foram cinco expedições para a Amazônia realizadas em 2011, com uma câmera tradicional Hasselblad, de formato quadrado, e 474 filmes preto e branco. “Queria fazer um trabalho que não fosse jornalístico, documental, realista, mas uma viagem pessoal que surgisse exclusivamente da vivência direta com a região amazônica e com as pessoas que se encontram lá”, conta o fotógrafo Edu Simões. “Conheci a região nos anos 80 e estive lá muitas vezes. Sabia que um dia teria de voltar para mostrar a Amazônia que me fascina e me impressiona: a floresta, as águas, as pessoas”.
O resultado destas expedições é o livro Amazônia, da Terra Virgem Editora. A Natura é patrocinadora da obra. “Buscamos conhecer a Amazônia e seus povos. Iniciamos esse contato há mais de dez anos, estabelecendo relações com comunidades fornecedoras de ativos da biodiversidade. Ao longo desse tempo, aprendemos com elas sobre os elementos e os desafios da floresta. Hoje queremos aprofundar esse vínculo”, afirma Rodolfo Guttilla, diretor de Assuntos Corporativos da Natura.
“Na sua jornada fotográfica Edu Simões transforma cenas cotidianas em imagens surpreendentes, às vezes enigmáticas. O livro é uma construção densa que espelha essa relação íntima que o fotógrafo soube estabelecer ao longo de um ano de imersões na floresta. As paisagens e os personagens exalam algo onírico: este é um traço singular, silencioso e subjetivo da linguagem visual de Edu Simões”, afirma o editor Roberto Linsker.
O livro Amazônia propõe um caminho fotográfico a ser percorrido pelo leitor: a câmera começa em paisagens abertas, com muito céu e água; depois aproxima-se dos peixes, dos portos, das cidades e seus habitantes. A partir daí, surge a mata, com árvores e troncos gigantescos, florestas inundadas e igapós, e os retratos de quem vive dessa riqueza – os catadores de caranguejos, o vigia e o carregador do imenso peixe Pirarucu, os castanheiros do Iratapuru.
Para Marcelo Macca, que assina o texto de abertura, o livro “não estampa araras, índios, garimpos ou estradas precárias comidas pelas florestas. São imagens sóbrias, às vezes sombrias, de uma Amazônia menos exótica, menos épica (...). Em sua emocionante sequência final, Amazônia nos lembra que a floresta é um cenário vivo. Que inspira, expira, transpira. Quem sabe até suspira”.
Entre as fotografias que retratam o interior das casas de habitantes, há o quarto de Chico Mendes, símbolo da luta pela preservação do Seringal Cachoeira. Em Vitória do Jari, uma cidade quase inteira construída sobre palafitas, destaca-se o retrato de um garoto boiando em águas paradas. Na Praia de Outeiro, próximo a Belém, um rapaz fuma seu cigarro com metade de seu corpo coberto pelas águas do rio.
As imagens não são nada óbvias, nem mesmo quando se trata do clássico encontro das águas do rio Negro com o Solimões. “Estava sobrevoando a região com um monomotor e achei um jeito de fazer uma imagem gráfica”, explica Simões.

Para alcançar os lugares de difícil acesso apresentados no livro, Edu Simões utilizou diversos tipos de transporte, alguns pouco convencionais, como a rabeta, na qual chegou a passar mais de nove horas; voou de monomotor sobre o Arquipélago de Anavilhanas, composto por 400 ilhas; passou dez dias embarcado no Taba, percorrendo os rios Negro e Solimões. “Para chegar ao castanhal do rio Iratapuru, viajamos dois dias inteiros, dormindo uma noite no meio do percurso. Atravessamos cinco cachoeiras, sendo que uma embarcação virou e a outra, quase”, conta o fotógrafo. “Uma vez lá, ficamos acampados outros 10 dias na beira do rio”.
O livro traz um mapa ilustrativo que mostra o trajeto percorrido por Edu Simões, incluindo localidades nos estados do Amazonas, como São Gabriel da Cachoeira, Novo Airão, Carauari, comunidades do Médio Juruá; no Acre, visitou Xapuri, Mancio Lima; no Pará, esteve em São Caetano de Odivelas, Bragança, Ilha de Algodoal e Ilha do Marajó (Soure); no Amapá, passou por Vitória do Jarí, Xapuri e comunidade do Iratapuru; esteve também em Roraima e Rondônia. Fotografou nos Parques Nacionais da Serra do Divisor, Médio Juruá, Arquipélago de Anavilhanas, Monte Roraima, Parque Estadual do Iratapuru, Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Mamiraua, Comunidade do Iratapuru.

Fonte: www.diariodopara.com.br

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